Resenha Crítica do livro Mayombe



 LIVRO- MAYOMBE



  O romance Mayombe, do angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, Pepetela, escrito na década de 1970, mas só publicado em 1980, narra as aventuras de guerrilheiros, no interior da floresta localizada em Cambinda, em busca da construção de uma Angola livre do colonialismo português.
   

INTERPRETANDO A OBRA...
 A obra abre uma janela em relação a visão que temos e o que realmente aconteceu durante o período de guerra da independência de Angola. Durante o período do desenvolvimento da escrita do livro, Pepetela está em guerra como guerrilheiro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e é nítido no decorrer da leitura de que o autor não diz a respeito da guerra em si, mas enfatiza o viver de cada personagem na guerra, destacando os medos, angústias, sonhos, de cada uma, além de relacionar períodos do passado de grande impacto na vida dos guerrilheiros e refletindo no presente momento de guerrilha.

   LIVRO DE EXTREMA PERSONALIDADE
 O que torna esta obra literária extremamente interessante, é o fato do narrador se passar por quase todas as personagens, mostrando em cada uma delas o caráter humano se manifestando de diversas formas, fazendo o leitor ter uma visão diferente do que realmente é lutar em uma guerra.
  
  De narrativa muitas vezes arrastada, Pepetela introduz uma interpretação complexa, porém completa de muitas personagens, denominando-as até mesmo não por seus nomes, mas por codinomes – como querendo caracterizar cada uma pelo que realmente é em seu “nome”-, por isso, quase todas as personagens não são denominadas por seus verdadeiros nomes.
  No livro, o autor expõe atos de conflitos internos entre o grupo de guerrilheiros (tribalismo), mas todos com um único objetivo, libertação de seu país. Apresenta também o racismo, em que a personagem Teoria dentro do movimento sofre por ser mestiço. A obra traz também com as personagens Ondina e Leli em questão o papel da liberdade feminina, em que reforça o papel das mulheres em seus direitos, ou seja, quebrando o machismo contra a mulher.
 Para o leitor mais leigo ...

  
  A escrita pode parecer um tanto densa, mas conta com um glossário nas últimas páginas do livro para facilitar no entendimento de algumas palavras, além de expressões de origem angolana utilizadas muito pelas personagens. É interessante ressaltar o porquê do título Mayombe, já que trata de uma história que se passa em um período de guerra, porém é definido pelo autor como uma obra de gênero romântico, o fato é que todo o contexto está ligado ao sentimento de viver esse período, em que o cenário onde se passa os maiores, fortes e mais dramáticos episódios é dentro da floresta Mayombe, pois a mesma abraça os guerrilheiros, servindo de refúgio, esconderijo, escudo e também campo de guerra, em que as personagens não só lutam contra a colonização portuguesa mas também contra o seus próprios conceitos, auto aceitação em relação a certas atitudes, sentimentos e nacionalidade.
Assim como Pepetela disse em uma entrevista: “Os grandes heróis desta guerra são seres humanos, são heróis, mas também são frágeis”.


 Mayombe é um livro muito rico culturalmente, além de trazer uma visão social abrangente, e principalmente o fato de mexer com o intelecto dos leitores ao interpretar os sentimentos e angústias humanas de forma tão sábia. 

       PONTOS POSITIVOS...
- Por ser de origem angolana, traz uma diversidade enorme de informações e muitos aspectos culturais linguísticos não muito conhecidos.
- ALÉM  de reflexões profundas sobre aspectos sentimentalistas sábias , introduz fatos marcantes na história da independência do país angolano.
- No decorrer da leitura é possível ter conhecimento de todas as personagens e suas características, já que o autor se passa por quase todas as personagens, dando assim uma maior transparência ao interpretar as fortes personalidades descritas na obra.
- Pepetela transcreve situações com as personagens introduzindo o machismo, tribalismo, e racismo de forma delicada e bem descrita, como uma reprodução sobre o que realmente acontece durante uma guerra não só de independência colonialista, mas também tribalista, tornando a obra ORINAL, inteligente e REALISTA.
     
     PONTOS NEGATIVOS...
- Pepetela, por citar o ateísmo durante a narrativa, pode cair em contradição com a religião – cristianismo –, contradição muitas vezes usada pela personagem sem medo de forma radical.
- O livro possui uma escrita densa, o autor introduz bastante da cultura de tribos angolanas, o que leva o uso de expressões não muito conhecidas, tornando assim a leitura difícil

Dica de resenha crítica em vídeo ABAIXO com umas das minha bootubers favoritas ! Por Tatiana Feltrim




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